PESQUISA  
 
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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Francisco Lotufo Neto


ANUIDADE 2016 (pág. 4)
PF pode obter desconto


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 5)
Centro de Referência DST-Aids


PESQUISA (Pág 6 e 7)
Violência no Trabalho


DEMOGRAFIA MÉDICA - (Pág 8 e 9)
Médicos no Brasil


TRABALHO DO MÉDICO (Pág. 10)
Exame do Cremesp


PLENÁRIA (Pág 11)
Temática - Cannabis


EU MÉDICO (Pág. 12)
Danny Lescher


JOVENS MÉDICOS (Pág. 13)
Greve


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais


BIOÉTICA - (pág. 15)
Imigração


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Edição 332 - 12/2015

PESQUISA (Pág 6 e 7)

Violência no Trabalho


64% dos médicos já vivenciaram ou conhecem
colega que
sofreu violência

 


Tipos de agressão que sofreu

As maiores vítimas de agressões são mulheres e jovens médicos, que sofrem principalmente violência verbal e psicológica, indica pesquisa do Cremesp, realizada pelo Datafolha

 

A agressão contra médicos vem ganhando cada vez mais expressão, tanto no sistema público quanto privado de saúde como reflexo do crescimento da violência, em geral, e das más condições do atendimento à Saúde no Brasil, em específico. No Estado de São Paulo, 64% dos médicos já tomaram conhecimento ou vivenciaram episódios de violência por parte de pacientes ou acompanhantes. Desses, 17% foram vítimas e também conhecem um colega que foi agredido, sendo que 5% revelaram ter sido agredidos pessoalmente – a maior parte, médicos jovens (78% dos profissionais de 24 a 34 anos) e mulheres médicas, um pouco mais que homens. Já 47% dos médicos conhecem um colega que passou pela mesma situação, mas não vivenciaram o problema.

Para compreender melhor a situação, o Cremesp encomendou a pesquisa Percepção da Violência na relação médico-paciente ao Datafolha, ouvindo médicos e pacientes sobre a questão em setembro e outubro deste ano. O estudo contemplou entrevistas com 617 médicos e 807 cidadãos da Capital e Interior do Estado.

O que ambos os públicos concordam é que se as condições de atendimento à Saúde fossem adequadas – com quantidade suficiente de médicos, medicamentos, aparelhos e leitos, a situação seria diferente, além de maior regulamentação e fiscalização dos locais de trabalho, capacitação dos todos os profissionais e campanhas informativas –, haveria redução dos episódios de agressão.

“A demora e a falta de estrutura dos serviços é que geram a real insatisfação do paciente. Por outro lado, a violência faz com que os médicos não queiram atuar em regiões distantes de casa ou de onde mantêm outro emprego”, comenta Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp. Ele confirma essa convicção destacando dados do estudo Demografia Médica no Brasil (veja nas págs. 8 e 9) que mostram que, se os médicos tivessem melhores condições de trabalho e remuneração, eles prefeririam trabalhar no SUS.

 

Já tomou conhecimento ou vivenciou algum episódio de violência?


 

 

Agressões

Entre os médicos agredidos, a maioria sofreu agressão verbal (84%) ou psicológica (80%). Cerca de 20% sofreram agressão física, principalmente de pacientes (70%). Os problemas geralmente acontecem durante  a consulta (60%). Para 32% dos médicos entrevistados, episódios de violência acontecem sempre ou quase sempre. E a percepção de 85% deles é de que a situação ocorre mais no Sistema Público de Saúde (SUS).

Os números apresentados pela pesquisa realizada com a população também mostram percepção parecida com a dos médicos: a de que a maior parte das agressões ocorre nas dependências do SUS, para 90% dos entrevistados.

“A violência é resultado da má relação médico-paciente. Os médicos não foram treinados nas escolas de Medicina para evitar ou minimizar conflitos em situações adversas de trabalho, como a que eles se deparam, principalmente, no serviço público”, diz Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.


Estresse

Um em cada três cidadãos entrevistados (34%) afirmou que já havia passado por alguma situação de stress no atendimento à Saúde nos últimos doze meses, sendo 24% na recepção do local do atendimento e apenas 9% em procedimentos médicos, revelando condescendência com o profissional que atua, muitas vezes, em condições precárias. Dos que passaram por algum tipo de stress, 10% chegaram a tomar alguma atitude, reclamando da qualidade do atendimento médico (6%) e atendimento na recepção (3%), principalmente.

Os médicos foram considerados educados para 70% dos pacientes. No entanto, o curto tempo de consulta e a pontualidade apresentaram percentuais bem mais baixos, em torno de 30%. Muito poucos foram os cidadãos entrevistados que confessaram ter praticado violência contra médicos, porém 35% admitiram já ter presenciado agressões verbais (xingamentos e ofensas) e 14%, psicológicas (ameaças). Entre os 18 entrevistados que cometeram agressão verbal, eles se disseram levados pelo comportamento do médico (mal educado, irônico ou desrespeitoso com o paciente, ou porque teria demonstrado falta de atenção, insensibilidade para ouvir o problema etc), pela qualidade dos médicos (prescrição ou medicação errada, despreparo) ou pelo atendimento demorado. 


Demora no atendimento é principal causa de violência

Os médicos consideram como principais causas das agressões o comportamento dos pacientes (39%), que estariam insatisfeitos com a Saúde Pública e descontam nos profissionais. Outros 29% disseram que o problema é o atendimento no hospital, com muita demora e que, com isso, o paciente entra no atendimento estressado porque há muitos pacientes e poucos médicos. A falta de estrutura, com hospitais superlotados e sem suporte para atendimento, foi apontada por 11% dos entrevistados. Já 5% admitem que os episódios acontecem por conta do comportamento dos médicos, que os colegas não atendem como deveriam, não examinam, não dão atenção ou erram diagnósticos.

Por outro lado, na visão de 41% dos cidadãos paulistas, a principal causa das agressões sofridas por médicos é o atendimento (demora, stress, muitos pacientes para poucos mé­dicos, consultas muito rápidas e superficiais). Mas 19% dos entrevistados também relataram que se incomodam com o comportamento/postura dos médicos, alegando que eles não dão atenção, são insensíveis, arrogantes, não têm paciência etc. Essa percepção não sofre muita oscilação em relação ao tipo de atendimento (SUS, saúde suplementar ou particular). 


Satisfação com a profissão

Quando pensam na profissão três anos atrás, 55% dos médicos entrevistados na pesquisa disseram que estavam satisfeitos, condição que passou a 45% atualmente. Os mais satisfeitos são os médicos jovens, de 24 a 34 anos (61%) e os mais experientes, com mais de 60 anos de idade (60%).

As condições de trabalho pioraram nos últimos três anos, na percepção de 77% dos médicos, e a sensação é maior entre as mulheres médicas (81%) e os médicos jovens (82%). No entanto, não há muita disparidade em relação ao local de trabalho: para 78%, as condições pioraram no SUS;  77%,no atendimento particular; e 76%, na saúde suplementar.


Qualidade do atendimento

Apesar das queixas e situações que podem gerar stress, os serviços público e privado têm avaliações semelhantes e boas, principalmente em relação a procedimentos específicos (nota média de 9,5), cirurgias (9,4), internações hospitalares (9) e exames de laboratório (8,3), atendimento médico da rede pública em casa (8,3) e remédios gratuitos (8,2). O serviço pior avaliado é o pronto-socorro (6,6), seguido pelos postos de saúde (7,0) e consultas com médicos (7,9).

Os entrevistados percebem a sobrecarga do sistema público de saúde e acreditam que a necessidade de um número maior de médicos e a melhoria nas condições de trabalho do profissional conseguiriam suprir o atendimento de saúde à população. Porém, mudar o comportamento dos médicos, oferecendo mais atenção aos pacientes, e a capacitação dos profissionais em geral são pontos que a população de São Paulo considera importantes.



Cremesp e Coren-SP unem esforços contra violência


Fabíola e Luna Filho: estímulo às denúncias

 

A escalada de violência não acontece apenas com médicos, mas também, e em maior grau, com profissionais de enfermagem. Preocupados com as agressões, o Cremesp uniu esforço com o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP) na realização de uma coletiva de imprensa, no dia 9 de dezembro, para enfatizar os resultados das pesquisas sobre o tema.

Além dos dados da pesquisa do Datafolha, Fabíola Mattozinho, presidente do Coren-SP, relatou que 77% dos 460 mil profissionais de enfermagem são agredidos no ambiente de trabalho, conforme a Sondagem sobre Violência aos Profissionais de Enfermagem de São Paulo. Em comum com a situação dos médicos, os enfermeiros sofrem com as consequências das más condições de assistência à saúde, demora no atendimento e omissão das autoridades governamentais. O estudo online teve um retorno de 4.293 profissionais e apontou que, em  53% dos episódios relatados , o agressor foi o paciente. E que, mesmo sofrendo agressões, 87,51% não registram queixa à polícia ou denunciam a qualquer instância. E dos 12,49% que levam o caso adiante, somente 4,68% obtêm sucesso na resposta. Com isso, 87,68% dos enfermeiros não acreditam no empenho das autoridades em resolver a questão.

Os Conselhos de Medicina e de Enfermagem pretendem estimular as denúncias dos profissionais para que, em conjunto com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, estudem mecanismos de prevenção. “A questão da violência é de saúde pública. Trabalhamos para identificar o fenômeno dando possibilidade de manifestação aos profissionais que foram vítimas de agressão. No entanto, as ações dependem da vontade política dos governantes”, diz Fabíola. 


Metodologia utilizada pelo Datafolha


Módulo médicos
Técnica: quantitativa, abordagem telefônica
Universo: médicos registrados no Cremesp
Data de campo: 18 de setembro a 9 de outubro de 2015
Abrangência: Estado de São Paulo
Amostra: 617 entrevistas

Módulo população
Técnica: quantitativa, abordagem em pontos de fluxo
Universo:  população paulista, com idade a partir de 18 anos
Data de campo:  18 de setembro a 9 de outubro de 2015
Abrangência: Estado de São Paulo
Amostra: 807 entrevistas

 

VIOLÊNCIA CONTRA MÉDICOS

 

 


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