CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho*
ENTREVISTA (pág. 3)
Marcos da Costa, presidente da OAB-SP
ÉTICA (pág. 4)
Conflitos de interesse
CAMPANHA (pág. 5)
Mobilização em apoio às Mães da Sé
CONSULTA (pág. 6)
Código de ética e publicidade
CONFEMEL (pág. 7)
Capital estrangeiro
SUS (pág. 8)
Mobilização
FINANCIAMENTO (pág. 9)
Programa de Aceleração do Crescimento
INSTITUIÇÕES (pág. 10)
Hospital de Câncer de Barretos
AGENDA (pág. 11)
Atividades do Cremesp
EU, MÉDICO (pág. 12)
Vida profissional x vida pessoal
JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
II Fórum do Médico Jovem
BIOÉTICA (pág. 15)
Herança genética
ENSINO MÉDICO (pág. 16)
Código de Ética e Estudantes
GALERIA DE FOTOS
ÉTICA (pág. 4)
Conflitos de interesse
Médicos são suscetíveis à abordagem dos laboratórios desde a faculdade
Estudo contemplado com bolsa do Centro de Bioética mostra a influência da indústria farmacêutica, cujas estratégias influenciam opiniões inclusive dos estudantes de Medicina
Ao longo da graduação, sob a influência de estratégias de marketing da indústria farmacêutica, alunos de Medicina se tornam mais permeáveis às abordagens e “menos éticos”, de acordo com o estudo A influência da estratégia promocional das indústrias farmacêuticas sobre o receituário médico, segundo a opinião de graduandos. A pesquisa foi realizada por Priscila Schindt de Albuquerque Schil, bolsista do Centro de Bioética do Cremesp, no ano de 2014. O trabalho foi realizado com 600 alunos do 1º ao 6º ano da Faculdade de Medicina da Universidade Anhembi Morumbi, da qual ela é quartanista.
Quando questionados se acham correto que médicos recebam a visita de representantes de indústrias farmacêuticas em seus locais de trabalho, 59,3% dos alunos do 1º ano de graduação declararam que não, enquanto 22,2% disseram achar correto. Porém, entre os sextanistas, apenas 26,2% discordaram, enquanto 66,7% concordam com as abordagens.
Outra situação, apresentada na pesquisa, é se o estudante aceitaria receber benefícios das indústrias, após a graduação, durante a prática médica. No primeiro ano, 55,6% declararam que não, e 22,2%, responderam afirmativamente. No sexto ano, o número é alarmante: 21,4% disseram que não, e 59,5%, que sim, sugerindo que, ao longo da graduação, a opinião deles pode estar sofrendo a influência de ações da indústria farmacêutica, como brinde, promoção de festas e outras atividades.
Ética
A condescendência em relação ao patrocínio dos laboratórios é maior na medida em que os alunos se aproximam da graduação. Na visão da bolsista, isso demonstra que há uma deficiência no ensino da ética, pois, mesmo após a aplicação da disciplina, a visão dos alunos não se altera positivamente.
No 1º ano de Medicina, 46,3% acreditam que as estratégias de venda e divulgação realizadas pela indústria farmacêutica são antiéticas. Esse número cai para 21,43% no ultimo ano de graduação.
“As escolas médicas não estão fazendo o seu papel de formar eticamente os alunos, enquanto a indústria farmacêutica é poderosa e patrocina inclusive eventos estudantis e encontros de residentes”, comentou Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp.
Bolsistas de 2014 apresentam conclusão de seus trabalhos
As bolsistas Priscila, Regina e Renata (à frente), com os conselheiros
Reinaldo Ayer e Nívio Moreira e convidadas
O Centro de Bioética do Cremesp ofereceu 10 bolsas em 2014, sendo uma delas dirigida ao estudo A influência da estratégia promocional das indústrias farmacêuticas sobre o receituário médico, segundo a opinião de graduandos. Esse trabalho, assim como outros dois, considerados os melhores, foram apresentados aos conselheiros durante sessão plenária, no dia 24 de março.
De acordo com Reinaldo Ayer, conselheiro e coordenador do Centro de Bioética, foram recebidos cerca de 50 pedidos de bolsa. Ele destacou a qualidade dos 10 estudos finalistas, que tiveram alto grau de envolvimento dos orientadores e das instituições.
Gastrostomia
Renata Papassoni Santos, que está no 6º ano da Faculdade de Medicina de Marília (Famema), apresentou o estudo Encefalopatia infantil e a gastrostomia – uma reflexão bioética sobre a tríade paciente, cuidador e profissional da saúde. Ela detectou que, embora haja uma rejeição inicial e uma mudança drástica na rotina das mães (principais cuidadoras) cujos filhos passaram pelo procedimento, elas entenderam o benefício para o ganho de peso da criança.
Renata destacou também o papel dos profissionais da saúde para auxiliar o entendimento das mães, uma vez que quando bem informadas, elas se revelaram colaborativas e favoráveis à necessidade do procedimento.
Câncer de mama
Os aspectos éticos do tratamento cirúrgico do câncer de mama foi o tema do estudo de Regina Avelina de Morais da Silva, bolsista de Bioética, que está no 3º ano da Faculdade de Medicina de Taubaté. O trabalho foi realizado em parceria com o Hospital de Câncer de Barretos, que atende o SUS. Ela analisou dois grupos de médicos (com e sem formação em cirurgia oncoplástica) e de pacientes (mastectomizadas e que não receberam tratamento reconstrutivo).
Entre os médicos, Regina observou que quanto maior o tempo de experiência profissional do médico, menos ele indicava a reconstrução da mama ao paciente, embora exista legislação nesse sentido. Entre os profissionais sem formação oncoplástica, o motivo estava ligado à falta de treinamento. Já entre os que possuíam formação, o maior problema era a falta de infraestrutura hospitalar.
Resolução
Médico poderá ser responsável técnico em mais de duas unidades de atenção primária
Médicos do Estado de São Paulo poderão assumir o cargo de responsável técnico em mais de duas unidades de atenção primária de saúde que desempenham ações semelhantes e pertençam ao mesmo território no mesmo município, com a edição da Resolução Cremesp n° 274, publicada em 13 de março de 2015.
A normativa, que entrará em vigor no prazo de 60 dias da data da sua publicação, limita ainda a abrangência de ocupação do cargo ao máximo de 10 unidades de saúde ou 150 médicos.
A medida é resultado dos trabalhos da Câmara Técnica de Medicina da Família e Comunidade do Cremesp, coordenada pelo conselheiro e diretor 2º tesoureiro, João Ladislau Rosa.
Ladislau destaca que a nova resolução é válida exclusivamente para a atenção primária à saúde, resolvendo a dificuldade em operacionalizar a indicação de responsável técnico nessas unidades, o que é obrigatório, segundo as normativas vigentes. Ou seja, apenas nesses casos os médicos podem assumir a responsabilidade técnica por mais de duas UBS.
A resolução pode ser acessada na íntegra, pelo site do Cremesp.