CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
Marcos Boulos
PARTOS (pág. 4)
Boas práticas obstétricas
QUADRO DA SAÚDE (pág. 5)
Plano de Carreira em São Paulo
ÓRTESES E PRÓTESES (pág.6)
Utilização indevida de materiais
SAÚDE PÚBLICA (pág.7)
Crise na Santa Casa
EXAME DO CREMESP (págs. 8 a 9)
Avaliação de recém-formados
POLÍTICA (pág. 10)
Médicos eleitos
NOVA DIRETORIA (pág. 11)
Posse em sessão solene
JOVENS MÉDICOS (pág. 12)
Recomendações ao médico
EU, MÉDICO (pág. 13)
Medicina Superação
ANUIDADE 2015 (pág. 14)
Período de desconto
BIOÉTICA (pág. 15)
Decisões na adolescência
GALERIA DE FOTOS
EU, MÉDICO (pág. 13)
Medicina Superação
Médico reúne histórias inspiradoras sobre colegas de profissão
Página no Facebook inspira e motiva jovens a superarem dificuldades para ingressar na Medicina
Queiroz: história de superação
A página de Facebook Medicina Superação foi criada para reunir histórias pessoais de médicos que, assim como seu fundador, superaram muitas barreiras para conseguir realizar sua vocação. Elaborada pelo médico Felipe Queiroz de Paula, residente de Psiquiatria no Instituto Bairral, em 2014, conta com cerca de 3 mil curtidas na rede social. “Quero inspirar, motivar, mostrar que a Medicina pode ser alcançada por qualquer pessoa”, explica ele.
Para o autor e moderador, a página é um instrumento de aproximação. O projeto foi criado quando Queiroz visitava Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais. O município periférico e carente foi onde ele passou grande parte da vida. Ao conversar com pessoas da localidade, percebeu que a ideia de cursar Medicina como algo acessível ainda era muito vaga, quase inexistente, mesmo com seu exemplo.
Queiroz acredita que muitos jovens sequer tentam a profissão devido ao preconceito – ou o medo dele – e por acharem que irão se sentir inferiores aos outros alunos. “Os jovens não sabem que podem. Nesse aspecto, a informação faz toda a diferença, porque o pobre costuma ficar acanhado, tem a autoestima muito baixa”, diz, esperando que a página ajude de alguma forma o estudante da rede pública que não considere a profissão em seu futuro.
Superação
O médico teve uma infância humilde, estudou em escola técnica e só decidiu seguir na Medicina três semanas antes de seu primeiro vestibular. “Eu ia fazer Ciências da Computação, porque fiz o curso de Informática e pensei em continuar na área”. Todavia, depois de uma análise de suas habilidades, aproximou-se da Medicina. “Tinha facilidade com a disciplina de Biologia. Então pensei em algo que envolvesse o contato um a um, sem precisar me comunicar com grandes multidões. E tinha o sentimento de poder cuidar das pessoas”, explica. Fez as provas três vezes, até ser aprovado.
Ia para a faculdade a pé, de bicicleta e, às vezes, de carona com os colegas de turma, sem sentir nenhum tipo de exclusão. “Foi uma grata surpresa”, diz ele, que vendia brigadeiro na época para ajudar a se manter. A maioria dos depoimentos de outros médicos mostra o preconceito que existe entre os estudantes da área.
Independente das especificidades de cada história, o médico acredita que a superação de obstáculos para alcançar a profissão influencia diretamente na atuação junto aos pacientes. “Permite uma sensibilidade maior, principalmente no SUS. Podemos entender o paciente, já que dependemos do sistema, nossa família ainda depende. Há um olhar e uma abordagem diferentes”, declara.
O número de seguidores na rede social não cresce de forma acelerada, mas as manifestações que Queiroz recebe são sempre muito positivas. Ele reúne depoimentos de colegas, os quais procura para ouvir sobre suas vidas, mas também é abordado por outros, no convívio diário, que elogiam o seu trabalho – sem necessariamente compartilhar de histórias parecidas. Reconhecidamente por parte do autor, faltam atualizações mais frequentes no canal, problema que surge com a rotina agitada de um médico residente, com grandes plantões. O fato é que com Médicos Superação, ele consegue uma resposta direta no contato com a população e com os profissionais de saúde. Dessa forma, ele acredita que a página é uma ferramenta válida para cooperar na mudança da imagem estereotipada da classe, considerada elitista por boa parte da sociedade.
Canal de comunicação com os jovens vestibulandos
Grande parte do retorno recebido no Medicina Superação é de jovens vestibulandos em Medicina, que se marcam nas publicações e pedem dicas para o criador da página, o médico Felipe Queiroz de Paula. Para os candidatos a futuros médicos, ele recomenda que procurem bons cursinhos populares ou que ofereçam bolsas, usem sites para organizar os estudos e tenham horas de dedicação por dia. Mas lembra que, para muitos alunos do País, que precisam trabalhar e não podem ter o privilégio de se dedicar somente a isso, o ingresso na Universidade é muito mais difícil.
Queiroz comenta que os sistemas de cotas já democratizaram muito o ensino no Brasil, mas ainda há o que fazer. “É uma medida eficaz, mas transitória”, afirma. Ele acredita que, além da falha educacional de responsabilidade do Estado, há uma brecha no mercado. “Os cursinhos são focados nas classes A e B. Não há uma opção para aqueles que têm condições para pagar, mas pouco. Não se oferece qualidade por preço acessível, criando-se uma lacuna.”, considera. Tendo vivido de perto essa necessidade, entre seus planos de longo prazo está um projeto para que alunos de escolas públicas na periferia possam ingressar em um curso preparatório para Medicina.