CAPA
CARTA ABERTA (pág.2)
SUS: direito ao atendimento de qualidade
ENTREVISTA (pág.3)
Roberto Luiz d'Avila
MOBILIZAÇÃO NACIONAL (pág.4)
Protestos contra entrada de médicos estrangeiros sem revalidação
PROPOSTA (pág.5)
MS promete grupo de trabalho para analisar carreira no SUS
MOVIMENTO MÉDICO (pág.6)
Plano de carreira da SES é contestado por médicos
SAÚDE SUPLEMENTAR (pág.7)
Médicos devem denunciar casos de abuso de planos de saúde
FISCALIZAÇÃO DO CREMESP (pág.8)
Prontos-socorros do Estado: situação catastrófica
FISCALIZAÇÃO DO CREMESP (pág.9)
Irregularidades em mais da metade dos PSs fiscalizados
PROJETO DE LEI (pág.10)
Regulamentação da atividade médica é aprovada pelo Senado
EXAME DO CREMESP (pág.11)
Conselho promove parceria com escolas para a elaboração da prova
ELEIÇÃO DO CREMESP (pág13)
Pleito define diretores e conselheiros da gestão 2013-2018
CHAPA 1 (pág.14)
UNIDADE MÉDICA
CHAPA 2 (pág.15)
OPOSIÇÃO UNIDA
GALERIA DE FOTOS
FISCALIZAÇÃO DO CREMESP (pág.8)
Prontos-socorros do Estado: situação catastrófica
Prontos-socorros funcionam em condições precárias
Departamento de Fiscalização do Cremesp visitou 71 serviços de urgência e emergência
Françoso, Azevedo e Luna: deficiência nos serviços gera insatisfação no médico e desassistência ao paciente
Mais da metade dos prontos-socorros públicos do Estado de São Paulo está com suas equipes médicas incompletas. Falta material nas salas de urgência e sobram pacientes em macas nos corredores. Não há triagem nem classificação de risco na entrada, e a maioria das unidades não consegue transferir doentes para outros serviços. Os prontos-socorros são a porta de entrada mais sobrecarregada e desassistida do Sistema Único de Saúde (SUS), penalizando pacientes e profissionais.
Esse retrato preocupante foi mostrado aos jornalistas em coletiva de imprensa na sede do Cremesp, no dia 4 de maio. O estado agonizante dos prontos-socorros aparece em pesquisa feita pelo Conselho entre fevereiro e abril de 2013, em 71 serviços públicos, filantrópicos e privados conveniadas ao SUS.
A amostra representa quase 10% do total de serviços do Estado de São Paulo e foi selecionada pelo seu porte e importância, por estarem localizadas em cidades onde existem delegacias do Cremesp, e por serem motivos de denúncias e de inspeções em outras ocasiões.
Deficiências
As conclusões da pesquisa revelam falhas graves dos serviços de urgência e emergência, que colocam a população em risco e não oferecem aos médicos condições mínimas adequadas de trabalho. “O levantamento identificou uma enorme deficiência nos serviços, gerando insatisfação no médico e desassistência ao paciente”, diz Ruy Tanigawa, coordenador do Departamento de Fiscalização do Cremesp.
O presidente do Conselho, Renato Azevedo Júnior, classificou a situação de “afronta aos direitos humanos” e responsabilizou “o Ministério da Saúde e os secretários estaduais e municipais da Saúde pela falta de financiamento e pela má gestão do sistema”. “Somos solidários com os diretores clínicos e médicos, porque todos sofrem as consequências desse estado de coisas”, afirmou.
Encaminhamentos
Os resultados serão encaminhados ao Ministério da Saúde, ao Ministério Público Estadual e às Secretarias Estadual e Municipais das cidades que fizeram parte da pesquisa. “Mais do que fazer alarde, o importante é sensibilizar as autoridades. Trata-se de uma situação que exige determinação e recursos imediatos, pois é a saúde da população que está em risco”, declarou Renato Françoso Filho, coordenador da Câmara Técnica de Urgência e Emergência do Cremesp.
Bráulio Luna Filho, primeiro secretário do Conselho, comentou que se antes a precariedade das condições dos prontos-socorros era apenas um risco, hoje é realidade, uma vez que tem provocado a morte de pacientes.
A mortalidade em eventos cardíacos graves chega a 30% em São Paulo – enquanto nos países desenvolvidos não atinge 10% –, sendo que a maioria dos casos entra pelo pronto-socorro. “Sem um sistema de saúde adequado de prevenção, tudo vira urgência e emergência, colocando em risco quem é atendido e quem ali trabalha”, completou.
Principais números do levantamento
57,7% dos prontos-socorros (PSs) têm macas com pacientes nos corredores
66,2% dos PSs relatam dificuldade em encaminhar pacientes para outros serviços de referência
57,7% dos serviços vistoriados estão com equipes médicas incompletas
28,2% das salas de emergência estão inadequadas
Em 59,2% das salas de urgência e emergência falta algum tipo de material
Em 46,5% dos serviços não há chefia de plantão nem médico diarista
Em 32,4% dos PSs não é feita a triagem com classificação de risco
Em 6,1% dos PSs não existem UTIs, nem no local, nem em referência pactuada
Acesse o levantamento no site do Cremesp: www.cremesp.org.br
Dificuldade em referenciar
Entre os prontos-socorros vistoriados pelo Cremesp, 66,2% informaram dificuldades em referenciar pacientes para outros serviços, o que provoca lotação e grande número de pessoas em observação. Apenas 29,6% dos serviços visitados disseram não encontrar problemas em encaminhar doentes para níveis de maior complexidade ou para especialidades médicas ausentes no local.
UTIs e outros serviços
A grande maioria dos prontos-socorros fiscalizados – mais de 89% deles – tem serviços de apoio diagnóstico, de radioimagem e terapêutica disponíveis na própria unidade. Um pequeno número – entre 4% e 10% – dispõem desses serviços fora do local do PS, mas 4,1% não contam com Centro Cirúrgico e 6,1% com UTI, nem dentro nem fora do serviço, o que compromete a função do serviço como urgência.
Dos 71 prontos-socorros inspecionados, 28,2% não apresentavam sala de emergência em condições adequadas. A sala de emergência é o principal e primeiro espaço de cuidados nas urgências e emergências, e a evolução do estado do paciente depende muito desse atendimento inicial. Para que a sala de emergência seja adequada,tem que apresentar entrada independente, além de dispor de materiais, equipamentos e insumos previstos na legislação.