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CAPA

EDITORIAL (pág.2)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Gilson Carvalho, especialista em saúde pública


GRAVIDEZ PROGRAMADA (pág.4)
Saúde da Mulher


HOMENAGEM (pág.5)
Médicos paulistas


ENSINO MÉDICO (págs. 6 e 7)
Cremesp divulga resultados do Exame 2011


MOVIMENTO MÉDICO (pág. 8)
A suspensão do atendimento atingiu 21 Estados


CARREIRA DE ESTADO (pág. 9)
Governo paulista promete plano de cargos e salários a médicos


SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 10)
Mais de 20 operadoras propõem negociações


ENCONTRO (pág.11)
Especialistas discutem preconceito à psoríase e vitiligo


CFM (pág. 12)
Coluna dos representantes de SP no Conselho Federal


WMA (pág.13)
Brasileiro preside Associação Médica Mundial


CARTÕES DE DESCONTO (pág. 15)
Código de Ética Médica proíbe qualquer tipo de parceria com funerárias


BIOÉTICA (pág. 16)
Publicidade médica: CEM e Codame


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Edição 287 - 11/2011

ENSINO MÉDICO (págs. 6 e 7)

Cremesp divulga resultados do Exame 2011


46% dos participantes são reprovados no Exame do Cremesp 2011


Resultado demonstra sérias deficiências no ensino médico em São Paulo, especialmente em áreas essenciais da Medicina


Azevedo durante entrevista coletiva à imprensa: resultados insatisfatórios

Em sua sétima edição, o Exame do Cremesp – que desde 2005 avalia o desempenho dos estudantes dos sextos anos das escolas médicas paulistas – reprovou 46% dos 418 participantes. O índice de reprovação (Quadro 1) em 2011 aumentou em relação a 2010 (43%), mas foi menor que o dos anos de 2009 (56%), 2008 (61%) e 2007 (56%).

Renato Azevedo, presidente do Cremesp, lembrou que cerca de 70 faculdades de Medicina foram inauguradas no país nos últimos oito anos e, a maioria delas, sem hospital escola. “Estão abrindo escolas médicas sem qualidade­ e, em con­se­quência, formando médicos des­pre­parados”, denunciou, durante entrevista coletiva à imprensa em 9 de novembro, na qual apresentou os resultados da prova, ao lado do conselheiro Rei­naldo
Ayer, coor­de­nador do Exame.

Quadro 1
Participantes e índice de reprovação do Exame do Cremesp – 2005 a 2011

Ano do ExameParticipantesReprovadosReprovação (%)
201141819146
201053322743
200962134556
200873044761
200783346656
200668826138
200599831332


Desempenho indica necessidade de avaliação

Em sete anos, metade do total dos participantes foi reprovada

A avaliação geral de todos os exames deixa ainda mais patente o baixo desempenho dos estudantes. Nos últimos sete anos, 4.821 formandos participaram da prova, dos quais 2.250 (46,6%) foram reprovados. Excluindo os dois primeiros anos, quando o Exame estava ainda em fase experimental, entre 2007 e 2011 participaram da prova, 3.135 candidatos com 1.832 (58,4%) reprovações. Nos últimos cinco anos, a proporção de reprovação foi sempre menor que 61%.

“Há uma tendência de reprovação, que fica em torno dos 50% e persiste desde a primeira prova aplicada pelo Cremesp, em 2005, até 2011. É preciso discutir um sistema de avaliação externa das escolas médicas”, analisou Ayer. Já Azevedo defendeu claramente a obrigatoriedade de um exame de avaliação dos formandos em Medicina nos moldes do que vem sendo realizado pelo Cremesp (veja editorial, na página 2).

O Exame do Cremesp de 2011, aplicado pela Fundação Carlos Chagas, foi realizado em uma única etapa. A prova objetiva teve 120 questões distribuídas em nove áreas básicas de conteúdo. Com nota de corte estipulada em 6, a média de acerto obtida pelos presentes foi de 73,5 pontos.


Egressos de 25 cursos de Medicina de SP participaram do Exame

O número de participantes, embora inferior ao de 2010, é significativo estatisticamente e corresponde a 16% do universo de estudantes que cursaram o sexto ano de Medicina em São Paulo. O Estado conta com 30 escolas médicas em atividade, sendo que 28 delas formam aproximadamente 2,5 mil médicos por ano. As outras duas ainda não formaram suas primeiras turmas.

A resistência ao Exame do Cremesp, por parte de dirigentes, professores e alunos de algumas escolas, persistiu em 2011. Estiveram representados 25 cursos de medicina, dentre os 28 em atividade no Estado com alunos formados em 2011. Não participaram do Exame os egressos do Centro Universitário Barão de Mauá, de Ribeirão Preto; Universidade Federal de São Carlos (Ufscar); e Faculdade de Medicina da USP (Fmusp).

Pelo fato de a avaliação não ser obrigatória, a distribuição dos participantes não é homogênea entre os cursos de Medicina. Não é possível, portanto, estabelecer um ranking de desempenho das escolas. O número reduzido de participantes de diversos cursos também não permite avaliar o desempenho individual das instituições.


Desempenho em áreas básicas é preocupante

O desempenho dos participantes em áreas básicas da Medicina é preocupante. O resultado é considerado insatisfatório quando indica abaixo de 60% de acertos (Quadro 2).
Chamou a atenção o baixo índice de acertos em Saúde Pública (49,0%), Obstetrícia (54,1%), Clínica Médica (56,5%) e Pediatria (59,3%), especialidades que concentram a solução de muitos problemas de saúde da população.

A performance acima de 60% ocorreu nas áreas de Bioética, Saúde Mental, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Ciências Básicas. Apenas em Bioética o desempenho foi superior a 70%.

Quadro 2
Áreas de conhecimento e médias de acertos – Exame do Cremesp – 2010
Médias (em % ) de questões respondidas corretamente

Áreas deExameExameExameExameExameExameExame
conhecimento2011201020092008200720062005
Saúde Pública49,054,860,766,672,367,540,6
Obstetrícia54,164,762,653,958,956,159,3
Clínica Médica56,556,848,456,750,060,855,2
Pediatria59,364,557,051,350,463,673,9
Clínica cirúrgica65,266,553,758,353,858,567,5
Ciências básicas65,354,155,452,355,662,668,7
Saúde mental67,369,851,283,163,658,668,4
Ginecologia69,865,669,052,049,164,865,2
Bioética78,271,985,774,170,071,262,8


Participantes erram questões sobre situações comuns na prática médica

Erros cometidos pelos estudantes em algumas questões que fizeram parte do Exame do Cremesp 2011 demonstram a falta de conhecimento na solução de eventos frequentes do cotidiano da prática médica.

Muitos demonstraram desconhecer o diagnóstico ou tratamento adequado de problemas de saúde como infecção de garganta, meningite, sífilis e atendimento em saúde mental, dentre outros. O Quadro 3 apresenta alguns exemplos de questões e a porcentagem que erraram a respostas.


Quadro 3
Exemplos de questões e percentual de erro - Exame do Cremesp 2011

Situação/ Problema
E nunciado da questão
Resposta Correta

Erraram a questão (% de participantes)
Medicamento que não é a melhor indicação para paciente com infecção na garganta


Um homem de 29 anos procura atendimento médico por apresentar tosse e febre há dois dias. A radiografia de tórax mostra:

Há um mês tratou infecção de garganta com cefa­lexina por duas semanas. O seu estado clínico é bom e o médico opta por tratamento domici­liar. Os seguintes tratamentos são recomendados, EXCETO:
 Ciprofloxacina + Claritromicina

66%
 Diagnóstico de sepse e meningite em recém-nascido

Um recém-nascido (RN) de termo, adequado para a idade gestacional, filho de mãe com 26 anos, primigesta, parto fórcipe, após 18 horas de rotura prematura de membranas, apresenta, com 20 horas de vida, crise de cianose e febre de 38,2°C, taquicardia, hipoatividade e tremores, tendo apresentado um episódio de apneia. Frequência cardíaca de 160 bpm e respiratória de 44 irpm e tempo de enchimento capilar de 2 segundos. Realizado controle de glicemia capilar através do “dextrostix” cujo resultado foi de 58 mg%. Quais as hipóteses diagnósticas para este RN?

 
Sepse e meningite
 62%
 Febre alta em bebê como fator de infecção bacteriana grave
  
Uma lactente de 4 meses de idade apresenta história de febre há um dia e chega com 39,8 °C. Os pais referem que a febre é resistente ao uso de antitérmicos. O exame físico é normal e a criança não apresenta sinais de toxemia. Qual dos fatores eleva consideravelmente o risco de infecção bacteriana grave para esta criança?

 
Temperatura superior a 39,5°C
 61%
 
Tratamento correto da sífilis para evitar a transmissão da mãe para a criança
 
A transmissão vertical de sífilis aumenta com a elevação dos casos de sífilis na população. Uma gestante com 18 anos de idade e exame de VDRL de 1/8 e teste treponêmico (TPPA) positivo, inicia tratamento com penicilina cristalina no último trimestre da gestação, finalizando 15 dias antes do nascimento do seu recém-nascido (RN). No dia do parto, VDRL 1/4. Deve-se considerar que o tratamento:
 
Não ocorreu em tempo hábil para ser considerado efetivo na proteção ao RN
 
61%
 
Medicamento adequado para prevenir leptospirose em área de risco
 
Numa situação de enchente em área urbana a profilaxia da leptospirose, na população de risco, pode ser efetuada, de forma eficaz, com a administração de:
 
Doxiciclina
 58%

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