CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
"Os médicos e suas entidades estão dispostos a dar um basta nesta situação de desrespeito"
ENTREVISTA (pág. 3)
Promotor de Justiça Arthur Pinto Filho
ENVELHECIMENTO (pág. 4)
Aumento do número de idosos poderá superar o das crianças em 2020
FALTAM PROFISSIONAIS? (pág. 5)
Cremesp questiona versão do governo federal sobre o número de médicos no país
ENDOCRINOLOGIA (pág. 6)
Sibutramina e derivados de anfetamina poderão sair de circulação
POLÊMICA (pág. 7)
O uso de jaleco fora do ambiente de trabalho
OPERADORAS (págs. 8 e 9)
Assistência suplementar: cartão vermelho para planos que não aceitam negociar
AGENDA (pág. 10)
Cremesp participa da posse dos novos diretores do Simesp
URGÊNCIA/EMERGÊNCIA (pág. 11)
Plenária discutiu o atendimento nos prontos-socorros dos hospitais públicos
COLUNA DO CFM (pág. 12)
Comentários dos representantes do Estado de São Paulo no CFM
SUS (pág. 13)
Desafios Contemporâneos do Sistema Único de Saúde
PSIQUIATRIA (pág. 15)
Resolução nº 226, de 22/03/2011
BIOÉTICA (pág. 16)
O devido sigilo ao prontuário do paciente
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL (pág. 2)
"Os médicos e suas entidades estão dispostos a dar um basta nesta situação de desrespeito"
Cartão vermelho!
Renato Azevedo Júnior
Presidente do Cremesp
A assembleia estadual do dia 30 de junho, que reuniu mais de 500 colegas indignados com as atitudes e práticas dos planos e seguros de saúde, foi uma clara demonstração de que os médicos estão determinados, o movimento está organizado e nossas entidades representativas seguem unidas.
Ao definir os dez planos de saúde que serão inicialmente alvo de uma paralisação escalonada, os médicos dão um claro recado e exibem o “cartão vermelho” ( um dos símbolos usados na assembleia) para aquelas empresas que mesnosprezam o trabalho médico.
O movimento estadual reverbera a paralisação nacional, iniciada em 7 de abril, ao exigir o mínimo de R$ 80 por consulta, a atualização dos honorários de acordo com a CBHPM e reajuste anual dos contratos. Em outra frente, apontamos a omissão e a incoerência da ANS, que não exerce seu dever legal de fiscalização dos contratos entre operadoras e médicos, até hoje sem cláusulas com critérios e periodicidade de reajuste.
De todo o país chegam notícias de que os médicos e suas entidades estão dispostos a dar um basta nesta situação de desrespeito. Em São Paulo, o movimento assume especial dimensão, pois nosso Estado conta com aproximadamente 58 mil médicos conveniados a planos e seguros de saúde, responsáveis pelo atendimento de 18, 4 milhões de pessoas. É o Estado com maior presença da assistência suplementar, onde atuam 327 operadoras e a metade da população tem plano de saúde.
Tal dimensão e o respeito aos pacientes nortearam a decisão da assembleia do dia 30 de junho e os desdobramentos propostos pela Comissão Estadual de Honorários Médicos, de criar parâmetros gerais de mobilização e, ao mesmo tempo, incentivar a descentralização das decisões, como a definição dos planos-alvo, negociações, assembleias e eventuais paralisações, conforme o desejo dos médicos e as peculiaridades regionais, além de garantir a autonomia e a participação ativa das especialidades médicas, que reúnem instrumentos e argumentos específicos de diálogo com os planos de saúde.
Fica a certeza de que a união dos médicos e a compreensão da sociedade sobre os nossos propósitos demonstram que estamos num caminho sem volta de resgate da dignidade profissional e de mudanças positivas no sistema de saúde brasileiro.
Opinião
A escolha da via de parto
Krikor Boyaciyan
Diretor corregedor do Cremesp
Um dos principais motivadores da escolha da via de parto, que provoca discussões calorosas, é a alta incidência de cesarianas no Brasil, principalmente na rede suplementar de saúde. Para muitos profissionais, trata-se de uma distorção da prática ideal: o parto normal é a melhor opção, tanto para a mãe quanto para o concepto. Por outro lado, há médicos que não observam problemas em optar com maior frequência por partos abdominais, e até partem para a defesa dessa prática.
A mídia destaca o assunto, geralmente de forma a alimentar a polêmica e atuando como fiscal da sociedade. Os hospitais e clínicas particulares são acusados de compensar a baixa remuneração dos planos de saúde e do SUS com mais procedimentos, visando maior lucro. Os médicos não escapam das acusações de que a opção pela cesárea é resultado apenas da sua comodidade, agindo de forma conivente com o sistema de saúde. Diante da escassez de tempo para cuidar das pacientes, o obstetra opta pela via alta; assim, médico e gestante assumem postura mais cômoda para ambos.
A preocupação de ser processado é apontada também como fator determinante para essa preferência.
Há quem aponte a gestante como responsável pela opção da cesárea com hora marcada. Razões culturais podem ser alegadas como influenciadoras na solicitação, como medo da dor, da imprevisibilidade da hora, do uso de fórcipe ou por preocupação estética.
Valorizamos o parto vaginal como a melhor opção para o binômio materno-fetal e reconhecemos que a cesárea constitui conduta importantíssima: suas indicações se ampliaram nos dias atuais, em atenção ao avanço tecnológico da Obstetrícia.
Cada caso precisa ser analisado individualmente. A paciente deve ser informada pelo médico a respeito das vantagens e desvantagens de cada procedimento, com atendimento digno e de qualidade. Nenhuma gestante deve ser forçada a optar por uma ou outra via de parto.