Cremesp na Mídia



Os PSs paulistas pedem socorro


Seis em dez serviços de urgência no estado têm pacientes nos corredores, denuncia Cremesp

 EDUARDO ATHAYDE / ESPECIAL PARA O DIÁRIO 

 
“Um absoluto desrespeito ao ser humano.” Assim diretores do Cremesp (Conselho Regional de Medina do Estado de São Paulo) classificaram, nesta terça-feira, a atual condição do sistema de saúde público paulista. A avaliação ocorreu durante apresentação do mais aprofundado levantamento feito pela entidade  sobre a realidade dos prontos-socorros do estado conveniados ao SUS e responsáveis pelos atendimentos de urgência e emergência.

Entre fevereiro e abril deste ano, foram visitados 23 hospitais na capital e outros 48 na Grande São Paulo, interior e litoral. O número representa 10% do total de unidades que atendem pelo SUS no estado. Segundo o levantamento, 57,7% dos prontos-socorros têm macas com pacientes nos corredores, 66,2% relataram dificuldade de encaminhar pacientes e em 59,2% das salas de emergência falta algum tipo de material (veja ao lado a tabela completa).

De acordo com o Cremesp, a precariedade dos prontos-socorros é resultado direto da falta de dinheiro aplicado pelos governos federal, estadual e municipal, com ênfase no primeiro. O documento deve ser entregue a representantes de cada uma das três esferas. “Em 2012, o Brasil gastou em saúde cerca de R$ 90 bilhões, só que pagou de juros de dívida R$ 700 bilhões. É isso o que a população brasileira tem de ver. Hoje, nós estamos gastando muito mais dinheiro público para financiar o rentista (aquele que vive de renda) do sistema financeiro do que para gastar em saúde”, disse o presidente do Cremesp, Renato Azevedo Júnior.

A escolha dos prontos-socorros analisados teve como parâmetro o grau de importância, a localização e as denúncias de mau atendimento.

No corredor da morte/ O resultado mais nefasto da baixa qualidade do atendimento é o aumento do número de mortes, disse o 1 secretário do Cremesp, Bráulio Luna Filho. “O que mais mata  no Brasil são doenças cardíacas. Em países civilizados, o índice de morte por enfartes é de 5%. Em São Paulo, é acima de 20%, a mesma mortalidade de 50 anos atrás.”

DIÁRIO flagra mulher em maca no corredor de hospital
O DIÁRIO esteve, nesta terça, no Hospital Municipal Dr. Alexandre Zaio, na Vila Nhocuné, Zona Leste, um dos prontos-socorros avaliados pelo Cremesp, e flagrou uma paciente esperando atendimento em uma maca no corredor do PS. Poucos metros adiante, o metalúrgico Carlos Magno da Paz tomava  soro em uma poltrona reclinável, também no corredor, ao lado de uma placa que alertava sobre o risco de queda por causa do piso molhado.

Ao perceber a presença da reportagem, um dos médicos do PS repreendeu duas enfermeiras, alegando que a paciente não deveria estar ali. Elas disseram ao médico que a situação era momentânea e logo a mulher seria levada para uma sala.

Eliane Mara da Silva levou a filha Evelyn Rodrigues, de 15 anos, à ginecologista. “A médica receitou  soro, que  acabou. Ela saiu para almoçar e até agora não voltou”, disse Eliane.

Mais uma vez poder público promete melhoria 
Por meio de notas, os governos estadual e da cidade de São Paulo informaram que estão adotando medidas com o objetivo de melhorar a qualidade dos prontos-socorros paulistas.

“O governo do estado ampliou, neste ano, em até 71% o valor pago pelos plantões de 12 horas e aprovou uma lei que institui o plano de carreira para os médicos, que prevê salários mensais de até R$ 14,7 mil”, disse a Secretaria Estadual da Saúde.

A pasta municipal  informou que “estão previstos investimentos de cerca de R$ 95 milhões para ampliação e reforma de 17 prontos-socorros   existentes e a construção de 21 unidades de pronto atendimento 24 horas” até 2016.

O DIÁRIO, insistentemente, entrou em contato com o Ministério da Saúde.  Até o fechamento desta edição, no entanto, a pasta não havia se posicionado sobre o estudo do Cremesp e as críticas feitas no levantamento.




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